
Porque razão o açúcar faz mal?
Nos últimos anos o consumo de açúcar aumentou tornando-se já um vício. Todos os dias ingerimos alimentos que contêm açúcar sem sabermos. E não nos referimos só ao açúcar branco que adicionamos ao café, ao chá ou ao iogurte. Existe outras formas de açúcar, tão perigosas ou até mais que o açúcar branco comum. Qualquer produto industrial empacotado que compramos no supermercado contém diferentes formas de açúcar. Saiba porque razão o açúcar faz mal?
O açúcar está em quase tudo
O açúcar encontra-se em quase tudo, não só na colherinha de açúcar branco que deitamos no café. Vivemos rodeados de alimentos doces e apetitosos, a lista é enorme: em refrigerantes, sumos de frutas, cereais do pequeno almoço, bebidas desportivas, barras de cereais, bolachas, pão, no iogurte, em alimentos enlatados e em conserva e até nos congelados, também na comida para bebés, molhos, e como é obvio em produtos de pastelaria como bolos, biscoitos, sobremesas… O cacau em pó só tem 25 % de cacau e os outros 75% é puro açúcar. O açúcar é também utilizado na industria farmacêutica para disfarçar o sabor amargo dos medicamentos.
Os produtos dietéticos, muitas vezes anunciados para a perda de peso pelo seu baixo teor em gordura, são adoçados com frutose (açúcar da fruta). As refeições ricas em carboidratos como: pizza, massas, pão fornecem muita glucose, o açúcar rápido, que o excesso é tão prejudicial como qualquer outro açúcar.
Alguns alimentos proteicos, que nos leva a pensar que são 100% proteína, como o fiambre, bacon, queijo, têm muitas das vezes na sua composição açúcar, farinhas e amidos.
Os especialistas estão convencidos de que o consumo de refrigerantes é uma das razões que mais tem contribuído para a actual epidemia de obesidade. Para se ter uma ideia as latas de refrigerante podem conter entre seis e oito saquetas de açúcar, sendo apontado como uma das principais causas da obesidade entre crianças. Há crianças que já não bebem água às refeições, mas sim, uma ou várias latas de refrigerantes por dia e néctares para o lanche.
O açúcar tem muitos nomes
O açúcar é um hidrato de carbono que se refere a diferentes tipos de açúcares. Por isso a palavra “açúcar”, em realidade quer dizer sacarose (açúcar de mesa), glucose (encontrada nos grãos, massas, pão, cereais, amidos e vegetais), frutose (açúcar da fruta), lactose (açúcar do leite), maltose, dextrose, xarope de milho, xarope de glucose, mel, melaço.
O xarope de glucose é um açúcar muito mais rápido em fazer subir os níveis do açúcar do sangue que o próprio açúcar de mesa. Estes açúcares estão presentes na maioria dos alimentos e bebidas que compramos. Basta olhar para o rótulo dos alimentos embalados e na lista de ingredientes encontra-se estas formas de açúcar. Todos estes açúcares, representam um perigo para o nosso corpo e não só por questões estéticas.
Açúcar: tão viciante como uma droga?
De acordo com alguns estudos o açúcar cria dependência, porque certas áreas do cérebro “interpretam” a ingestão de alimentos doces como uma compensação, que nos dá prazer e faz-nos sentir bem, tal como acontece com a cocaína. Daí que o cérebro deseje ingerir constantemente alimentos doces, em busca de satisfação e prazer.
Esta agradável sensação de prazer é provocada pela liberação de dopamina, mas que dura pouco tempo, sendo logo substituída pelo desejo de ingerir mais açúcar e mais doces para voltar a sentir essa satisfação. É assim que perdemos o controlo e ficamos viciados.
Por isso os especialistas em obesidade comparam o açúcar com a droga. Ao alimentar ratos de laboratório apenas com alimentos açucarados e, depois de privados desses alimentos, estes mostravam sintomas de decaimento e depressão.
O açúcar veio para substituir a gordura
Está demonstrado que o açúcar é um veneno para o corpo. Não apenas porque contribui para o aumento da obesidade, mas porque o seu consumo está associado com graves problemas de saúde, que outrora se atribuía às gorduras.
A gordura foi vista durante muitos anos como a principal responsável da obesidade e das doenças do coração e artérias. Agora, sabemos que o verdadeiro inimigo é o açúcar. Além do aumento do consumo de açúcar, está também o aumento do trigo e dos hidratos de carbono refinados, tornando a nossa alimentação elevada em açúcares. A ciência tem demonstrado, que o açúcar, em todas as suas formas (não só o de mesa), é o grande inimigo da saúde.
Durante décadas, prevaleceu a ideia de reduzir a ingestão de gordura, o que levou muitas pessoas a consumir alimentos com baixo teor de gordura, mas que tinham elevadas quantidades de açúcar. A indústria alimentar encontrou no açúcar o ingrediente perfeito para promover uma dieta baixa em gordura. O sabor que se perdia ao eliminar a gordura dos alimentos, era substituído pelo agradável sabor doce do açúcar. Agora os especialistas culpam o açúcar de estar a criar a atual epidemia da obesidade. A gordura já não é o vilão.
A ingestão de hidratos de carbonos, e não tanto o colesterol é o que está envolvido nas doenças cardiovasculares, já que o açúcar faz aumentar o colesterol total e os triglicéridos, que pode conduzir ao aumento das doenças cardiovasculares.
Por isso, as recomendações mais recentes sugerem uma dieta rica em gorduras, pobre em carboidratos, e moderada em proteínas, sendo este o modelo de dieta ideal, para emagrecer e manter a saúde. Obviamente que existe diferentes tipos de gordura, umas muito saudáveis (tais como azeite, óleo de peixe, óleo de linhaça, frutos secos etc.) e outras como a gordura animal, menos saudável.
No entanto, a gordura não é nossa inimiga se sabermos usá-la corretamente. Além disso, qualquer tipo de gordura ajuda a diminuir a absorção dos hidratos de carbono, o que é particularmente bom, para evitar os níveis altos de açúcar no sangue. O açúcar é o que realmente faz engordar.
Sintomas do consumo de açúcar
O açúcar pode causar os seguintes sintomas ou contribuir para o seu aparecimento: fadiga, falta de energia, depressão, ansiedade, mudanças de humor, problemas gastrointestinais, inchaço, infecções, dores menstruais, nervosismo, sonolência, falta de concentração, falhos de memória, confusão mental, e muito mais.
O consumo de açúcar enfraquece o organismo ficando este mais propenso a todo o tipo de doenças infecciosas. A longo prazo dá origem às doenças crónicas degenerativas. O açúcar prejudica a memória e a concentração. Tanto os adultos, como crianças e jovens sofrem de falta de concentração, porque normalmente o pequeno-almoço como os pequenos lanches intermédios, fornecem muito açúcar e reduzidas proteínas.
Uma refeição rica em hidratos de carbono, sem proteínas provoca cansaço e sonolência. Quantas vezes já se sentiu assim depois de um prato de massa? Sem vontade de querer fazer nada depois de comer.
Porque razão o açúcar faz mal?
É um erro pensar que o açúcar faz mal, unicamente porque faz engordar e provoca a cárie dentária. Sim, é certo que contribui para a obesidade, mas o excessivo consumo de açúcar está associado a muitas doenças que nos afetam a todos, incluindo as pessoas magras: envelhecimento prematuro, diabetes, hipertensão, aterosclerose, artrite, cancro, Alzheimer, etc. Portanto, não é de admirar que as pessoas que consomem regularmente açúcar (quem diz açúcar, diz também excesso de carboidratos), possam vir a morrer antes do tempo. E, este fato está já confirmado em centenas de estudos.
Todos os hidratos de carbono que comemos, nos quais se incluem os diferentes açucares são convertidos pelo nosso organismo em glucose. Não importa que tipo de carboidrato comemos (açúcar, massas, frutas, pipocas, bolos, cenouras, farinhas, salgadinhos, batata etc.), todos serão reduzidos a glucose -o açúcar do sangue -, este açúcar será usado como energia ou armazenado como gordura.
No entanto, o excessivo consumo de hidratos de carbono, cheios de farinhas e açúcares, cria um afluxo de açúcar que chega ao nosso organismo de forma continuada. Os hidratos de carbono ditos complexos e, que nos dizem que são bons, fornecem também excesso de açúcar. Os cereais como (pão, massas, arroz, milho, batata, etc.), são convertidos rapidamente em glicose durante a digestão, provocando o aumento rápido da glicemia e da secreção de insulina, muito antes que o comum açúcar de mesa.
Perante esta enchente de açúcar no sangue, produz-se picos de insulina. A insulina tem uma missão importante, pois graças a ela as células do nosso corpo recebem os nutrientes essenciais para a vida, mas o açúcar sobrante que não foi utilizado é armazenado em forma de gordura, por isso engordamos. Porém, a constante libertação de insulina tem muitas outras consequências. Uma das piores, para além da obesidade, é a inflamação celular – esse inimigo silencioso, que ataca o nosso corpo ano após ano sem darmos por isso.
A inflamação é o novo problema de saúde
Cada vez mais deixa-se de atribuir às gorduras a culpa de todos os males e, finalmente, vários estudos nestes últimos anos, diz-nos que a inflamação é o novo vilão. Esta é a verdadeira culpável de uma serie de problemas de saúde, desde o envelhecimento prematuro, doenças cardiovasculares, diabetes, Alzheimer e muito mais.
Mas o que é que causa esta inflamação crónica? Basicamente, as dietas altas em carboidratos, com produtos feitos de farinhas e açúcares. Outro problema associado à inflamação é o excessivo consumo de óleos vegetais ricos em ómega-6 (óleos como o de girassol, milho, amendoim…) que se encontram também em muitos alimentos processados. Estes óleos são usados pela Industria Alimentar para substituir as gorduras saturadas e trans, mas são tão nefastos quanto estas. Quando ingeridos em excesso levam a uma inflamação do organismo.
A insulina é prejudicial para todos
Sabemos que a insulina alta no sangue faz engordar e, impede a queima de gordura armazenada, mas os males da insulina alta não acabam aqui, há mais. Níveis elevados de insulina fazem aumentar a produção de umas hormonas chamadas eicosanóides. Há eicosanóides bons e maus: os bons são anti-inflamatórios, quer dizer que rejuvenescem e os maus são pró-inflamatórios, fazem envelhecer, estes últimos são, portanto os verdadeiros responsáveis da inflamação. Praticamente todas as doenças (ou quase todas), são causadas por uma excessiva produção de eicosanóides maus.
Basicamente os níveis altos de insulina activam o mecanismo para a produção de eicosanóides maus. Por isso quantos mais carboidratos comermos, os nossos níveis de glucose no sangue subirão e mais insulina produziremos e aparece a inflamação.
Todos nós somos afetados pelos problemas que causa a insulina. Não é unicamente um problema de quem tem resistência à insulina ou diabetes, ou obesidade. Claro que este grupo de pessoas têm níveis altos de insulina quase sempre permanentes no sangue. Mas uma dieta rica em hidratos de carbono, mesmo nas pessoas “normais”, faz com que os níveis de insulina subam rapidamente, mantendo-se altos durante 5 a 6 horas, tempo suficiente para causar todos os problemas acima mencionadas.
Em resumo, podemos dizer que o controlo da insulina é essencial para emagrecer, para não engordar e para evitar a inflamação silenciosa, este é o caminho que leva ao bem-estar físico e mental.
O açúcar faz envelhecer mais depressa
O açúcar faz com que envelhecemos mais rapidamente, dando-nos uma aparência de mais idade. Isto deve-se a que o consumo de açúcar leva à formação de AGEs (produtos finais avançados de carboidratos). Estas substâncias são nocivas para o organismo, causam danos irreparáveis no ADN das células: por exemplo causam o envelhecimento da pele ao destruir o colágeno, o que provoca uma perda de elasticidade e firmeza dos tecidos, levando ao aparecimento de rugas no rosto e uma pele envelhecida.
Infelizmente, estes AGEs não só estragam a nossa aparência, mas aceleram também o envelhecimento de todas as células, causando inflamação – um processo que ataca silenciosamente todas as células do organismo (como mencionado acima). Se a pele envelhece antes, quer isto dizer que todos os órgãos do corpo também envelhecem.
O açúcar é um veneno para a memória
Altos níveis de açúcar não nos deixam pensar, memorizar e concentrar. O açúcar nubla o cérebro, porque provoca a liberação de radicais livres que afeta a capacidade de comunicação das nossas células nervosas, diminuindo assim, a nossa capacidade de memorizar e de gerir os nossos estados de ânimo. Podemos dizer que o açúcar nos está a tornar estúpidos, porque uma ingestão excessiva de açúcar reduz as capacidades cognitivas do nosso cérebro.
A parte do cérebro mais afectada é o hipocampo, uma área importante do cérebro, onde a informação de todo o sistema sensorial é processada. Isto é especialmente importante para o desenvolvimento da memória a longo prazo. Um hipocampo constantemente inundado por açúcar, leva à demência, e a nossa memória começa a falhar.
O açúcar altera o comportamento
Estudos demonstraram que as pessoas que tomam cada vez mais açúcar, têm uma maior tendência par um comportamento agressivo. Além disso, o açúcar pode piorar o síndrome de hiperatividade e transtorno de déficit de atenção, o chamado TDAH nas crianças, o que leva a que estas sejam incapazes de se concentrar e aprender e a estarem quietas. As crianças deveriam tomar lanches sem açúcar, especialmente durante o horário escolar.
Os adultos que sofrem depressão poderiam alcançar uma maior estabilidade emocional através de uma dieta com baixo teor de açúcar. No entanto, não só a nível emocional, somos afetados pela toxicidade do açúcar, todo o nosso organismo é conduzido a um estado inflamatório persistente, que conduz ao envelhecimento e doenças crónicas e degenerativas.
Qual o melhor açúcar?
Substituir um doce por outro doce, não é a solução ao excessivo consumo de açúcar. Buscar somente o sabor doce não é reeducar o paladar, é contribuir para o vicio do açúcar. O desabituar-se do sabor doce faz parte de uma alimentação saudável.
Não precisamos do açúcar, esse pó branco granulado, nem das suas muitas variações que se encontram nos produtos embalados. Combater o vício do açúcar passa em primeiro lugar por cortar no açúcar e todas as formas de açúcar mencionadas anteriormente, bem como levar um controlo restringido dos hidratos de carbono. Os resultado serão logo visíveis na balança, na perda de peso e, ao longo do tempo, os órgãos afectados pela toxidade do açúcar, começam a regenerar-se e a saúde melhora.
Os hidratos de carbono certos
Necessitamos energia, que o corpo obtém da glucose, então, o melhor açúcar para o nosso organismo, é o açúcar encontrado nos hidratos de carbono por excelência das verduras e frutas. Estes alimentos representam o melhor açúcar para o corpo. A tendência a associar os hidratos de carbono quase exclusivamente com as massas, os cereais, o pão, o arroz, a batata, levou a haver um consumo abusivo destes alimentos. É preciso saber que a glucose destes alimentos tem o mesmo efeito tão prejudicial como qualquer outro açúcar, se forem comidos em altas doses.
No entanto o consumo de hortaliças e frutas é a maneira mais adequada de ingerir hidratos de carbono lentos e de baixo índice glicemico, de modo a controlar os níveis de insulina, enquanto que se comermos cereais e farináceos os níveis de insulina disparam. O índice glicêmico dos alimentos ajuda a saber se um alimento pode causar níveis de açúcar no sangue elevados.
Outra vantagem das verduras e frutas, é a sua riqueza em fibra, importante para reduzir a entrada dos açúcares no sangue, de forma a evitar os picos de insulina. Sendo também abundantes em minerais, vitaminas e antioxidantes, essenciais para reduzir a oxidação e inflamação das células. Deve haver sempre um controlo para não comer muita fruta, porque esta tem frutose, o açúcar da fruta.
Além dos hidratos de carbono, as proteínas e as gorduras são importantes, não só porque são essenciais, mas porque vão manter a nossa saciedade durante mais tempo, pois contribuem para manter os níveis de glicose e insulina estáveis. A proteína e a gordura não representam um problema, primeiro porque nunca tendemos a comê-los em excesso, ao contrário dos hidratos de carbono, onde sempre há uma tendencia em comê-los em demasia, e segundo ajudam a manter os nossos níveis de satisfação e saciedade.
Com uma dieta livre de açúcar retardamos o envelhecimento, perdemos gordura e temos mais energia.